sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Em uma noite chuvosa e fria, estava eu aquecido pelo whisky que bebia e o cigarro aceso entre meus dedos. Um rádio baixo com um chiado melancólico era a trilha sonora daquele momento. As lembranças vinham a minha mente quando os goles frios aqueciam minha garganta. Um vento frio que entrou pela fresta da janela provocou um rápido arrepio, e trouxe um cheiro doce e forte, embriagante. Aquele cheiro me lembrava você. Comecei a recordar o dia que nos conhecemos, nosso primeiro beijo, nossa primeira gargalhada, nossa primeira briga, nossa primeira transa, nosso rascunho que até então não se tornou um livro de amor lindo e talvez sofrido. O tempo passa e o cheiro se intensifica e eu então percebo que é o teu cheiro. Ele passa pelas minhas entranhas, é como uma droga viciante e alucinógena. Mas alguns minutos e começo a te ver. Sua beleza brilha em cada centímetro da sua pele, seus olhos cheios de saudade, sua boca tão desejada por mim. Ah, que doce é o seu sorriso de dentes alvos e perfeitos. Você vem em um balanço gracioso fazendo com o que tudo ao seu redor seja banhado pela sua luz. Eu tento ir ao teu encontro, mas fico preso na poltrona, não consigo me mexer, é realmente como se alguém tivesse me colado ao assento. Tento então ficar mais a vontade. Relaxo na poltrona e deixo-a me envolver. Você chega até a mim e senta-se no meu colo, passa os dedos por meus cabelos bagunçados, olha para mim e sorri. Olha para os meus lábios secos de desejos e vai ao encontro deles. Nesse exato momento escuto batidas na porta, assustado abro os olhos e não escuto mais nada. Todo atrapalhado pego o copo, gelo, isqueiro e o cigarro. Derrubo o liquido na minha camisa, mas eu estava tão embriagado com o seu cheiro que não me importava em combinar cigarro e gelo ou whisky e isqueiro.

Um comentário:

  1. òtimo texto... intenso...

    agora... pobre fim do eu-lirico...

    ou eu interpretei errado Berê?

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